Jornal Porto Baiano

             Jornal Porto Baiano - Data 7 de março de 1808                           Cidade do São Salvador da Bahia de Todos os Santos

Brasil,Reino unido a Portugal!

Napoleão mesmo após a Batalha de Trafalgar, em 1805, quando a Real Esquadra Britânica conseguiu dominar os mares e evitar a invasão da Inglaterra, Ele não desistiu. Com o Tratado de Berlim, de 1806, a França tentava vencer a Inglaterra por meio econômico, impondo o Bloqueio Continental. O reino Portugal não aderiu ao bloqueio e, assim, a França decidiu impor-se. Inicialmente pelo Tratado de Tilsit e, mais tarde, Fontainebleau, o caminho para ocupar o reino de Portugal, como Napoleão tinha feito em tantos outros países, estava aberto. 
       
 Em vista das possíveis consequências desta política, o nosso pricipe regente Dom João declarou que a Família Real Portuguesa, Corte e Capital seria trasferida para sua maior colônia, o Brasil, ou seja, para cá 


Seriamos injustos com Dom João se não mencionássemos as dificuldades que ele enfrentou na tentativa de alcançar as metas que tinha intimamente estabelecido. A sua equipe era composta de homens inteligentes, porém com idéias e atitudes muitas vezes conflitantes. 


No seu próprio Conselho de Estado, existia a divisão entre francófilos, liderados por Dom António de Araújo de Azevedo e anglófilos, liderados por Dom Rodrigo de Sousa Coutinho. Sua sapiência possibilitou a extração daquilo que cada um tinha de melhor a oferecer, para o bem da nação.

 O Lord Strangford, Ministro Interino na ausência do Ministro Plenipotenciário Lord Robert FitzGerald, reportou aos seus superiores “…todos os sentimentos de religião e dever proibiam-no de abandonar o seu Povo até o ultimo momento, e até que esforços tivessem sido feitos para salvá-los e para justificar-Se perante Deus e o Mundo; que em caso extremo ele tinha decidido retirar-Se para Seus Domínios Transatlânticos ….”. 
Em Lisboa com a retirada dos representantes da França e da Espanha, a pressão aumentou. Boatos que o Exército Francês preparava-se para invadir Portugal forçou Dom João, muito contra a sua vontade, a aprovar medidas contra os súditos britânicos. Strangford retirou as armas do prédio que ocupava e, na tarde de 18 de novembro, acompanhado por auxiliares e os arquivos transferiu-se para a nau London.


Na Inglaterra os termos do Convênio assinado com Portugal começaram a ser implementados. Em 11 de novembro uma esquadra, sob o comando do Contra-Almirante de pavilhão azul Sir Sidney Smith, partiu da base de Plymouth. 


Em 16 do mesmo mês, a esquadra encontrava-se a postos patrulhando a foz do Tejo. As notícias de Lord Strangford com evidências inequívocas de hostilidades, fez com que fosse declarado o bloqueio do Tejo. Todos os navios estrangeiros seriam revistados e aqueles de nacionalidade francesa ou espanhola, apreendidos. 


Em Lisboa, o Cônsul-Geral Mr. Gambier, tentava liberar os prisioneiros de guerra britânicos. Em 21 de novembro partiu num brigue português e juntou-se à esquadra. Desde o dia 9, o Príncipe Regente havia confirmado a nomeação, por Lord Strangford, de John Bell, para desempenhar as funções de: “…agente para prisioneiros de Guerra britânicos…”. 
No dia 22 chegou a nau Plantagenet, trazendo o jornal Le Moniteur de 11 de novembro enviado por Dom Domingos Antônio de Sousa Coutinho, Ministro junto à Corte de S. James. As ameaças feitas por Napoleão, sobre o que aconteceria com a Família Real, quando lá chegasse, eram bem claras. 


Na manhã do dia 24, quando os ventos da tempestade do dia anterior tinham diminuído, a corveta Confiance, Capitão James Yeo, largou para Lisboa a fim de entregar este importante documento. 


Era o momento crítico esperado por Dom João, pois com a fronteira terrestre invadida por Exércitos da França e Espanha e a sua fronteira marítima sob bloqueio, suas alternativas encontravam-se exauridas. Tudo tinha sido feito - perante Deus, seus súditos e o mundo – ninguém poderia acusá-lo de não ter, por todo o meio, tentado resguardar o seu país. 


O Conselho de Estado presidido pelo Príncipe Regente, se reuniu naquela mesma noite e tomou a decisão de partir para o Brasil. A Real Esquadra Portuguesa estava pronta para a viagem, faltando apenas embarcar os passageiros e colocar a bordo as carruagens, arquivos, cofres, pratas e mil e uma coisas; em soma tudo aquilo necessário para transferir e estabelecer a Capital do Reino no outro lado do Atlântico. Nem a França nem a Espanha suspeitavam do que estava acontecendo. Os planos, organizados sob a iniciativa de Dom João, estavam a um passo de serem realizados. 


Embarque para o Brasil do Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, e de toda a família real, no Porto de Belém, às 11 horas da manhã de 27 de novembro de 1807. Gravura feita por Francisco Bartolozzi (1725-1815) a partir de óleo de Nicolas Delariva.
Depois de deixar Lisboa, d. João atracou aqui em Salvador no dia 22 de janeiro. Na antiga capital da colônia, o príncipe regente permaneceu um mês, tempo suficiente para abrir os portos ao comércio exterior. Era o fim do nosso pacto colonial.
Hoje a família real finalmente chegou ao Rio de Janeiro, a nova capital do império. Sem um grande palácio para recebê-los, os casarões foram adaptadosàs necessidades da corte

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